Estrelas Reais (parte 1)

Sobre as Estrelas Reais Persas e os Guardiões do Paganismo:

Os Guardiões: das antigas estrelas reais persas aos atuais astros que indicam os inícios das estações.


Pelo fato de observarmos quatro estações sazonais praticamente bem definidas, dois equinócios e dois solstícios, o ano pode ser dividido em quatro períodos. Do mesmo modo que o dia de 24 horas pode ser subdividido em quartos: 6 horas à partir do nascer do sol; 6 horas à partir do meio-dia; 6 horas à partir do pôr-do-sol e 6 horas à partir da meia-noite. Fatiando mentalmente o céu, podemos também estipular 4 regiões distintas: o quadrante do leste (oriente); o quadrante do oeste (ocidente) e os quadrantes do norte e do sul (acima e abaixo do horizonte terrestre, dependendo do hemisfério). A divisão de um círculo em 4 partes é costume delineado desde o início do aperfeiçoamento da linguagem humana através de códigos pictóricos, matemáticos ou escritos.


Observando o céu noturno, notamos que a cada quarta parte do período anual, o mesmo conjunto de luminares tende a aparecer no panorama celeste, fornecendo um padrão indicativo da estação atual. Cada agrupamento aparente de estrelas é denominado constelação e teve seus limites imaginários estipulados pelos povos da antiguidade. Esta classificação foi padronizada e hoje temos as 88 constelações mais brilhantes nomeadas. Citando nosso atual panorama celeste brasileiro, notamos que a constelação de Escorpião é melhor visualizada no inverno, pois fica visível durante praticamente todas as noites desta estação. A estrela mais brilhante da constelação de escorpião é Antares. Então seria interessante simplificar que Antares (o coração do escorpião) é o “Senhor do Inverno”. Scorpius, a constelação de escorpião, realmente tem a forma aparente de um escorpionídeo, considerando o conjunto de linhas imaginárias que interligam as estrelas próximas a Antares, a estrela visivelmente mais brilhante no céu invernal. Antares foi referenciada como “rival de Marte” pela aparência avermelhada de seu brilho, disputando a relevância com o planeta Marte, que também apresenta esta cor. Ambos são facilmente identificados no céu, justamente por esta característica predominante.


Esta extrapolação que nos permite correlacionar uma estrela com uma figura real, reverenciando desta forma a sua importância, é herança dos primeiros observadores astronômicos, importantes figuras históricas que embasaram a sistematização das informações através dos mitos. É muito mais prático “contar uma lenda” do que articular argumentos científicos. No caso dos povos antigos, o que hoje chamamos “mitologia” era a única forma de explicar alegoricamente os acontecimentos sem o conhecimento científico atual de que dispomos.


Entre os persas, as estrelas indicativas das estações eram conhecidas como As Estrelas Reais e assumiam títulos de “guardiões do céu”. A divinização destes astros impeliu os povos a construírem templos, rituais e crenças para reverenciá-los. Esta herança mitológica foi adotada pelos diversos sistemas religiosos e hoje, dentro de um ritual pagão, é comum a referência aos “guardiões” e a saudação a um ponto cardinal específico atribuindo-o ao poder energético de um dos guardiões.


Há 5000 anos atrás, as estrelas reais persas eram:

Aldebaran, da constelação de Touro, indicativa da primavera. Guardião do Leste.
Antares, da constelação de Escorpião, indicativa do outono. Guardião do Oeste.
Regulus, da constelação de Leão, indicativa do verão. Guardião do Sul.
Fomalhaut, da constelação de Piscis Austrinus, indicativa do inverno. Guardião do Norte.


A estrela Fomalhaut não faz parte de uma constelação zodiacal e foi escolhida pelo fato de que é mais brilhante que qualquer estrela da constelação de Aquário, agrupamento zodiacal dominante no céu noturno do inverno para o hemisfério norte naquela época.

Na Stregaria os guardiões são conhecidos como Grigoris.


Pelo movimento de precessão equinocial da Terra, a constelação que está atualmente localizada no Ponto Vernal é Peixes. O Ponto Vernal corresponde ao ponto no equador celeste que o sol ocupa no equinócio de primavera do hemisfério norte. Notar que constelação e signo são atributos diferentes. A constelação é o agrupamento de estrelas considerado assim pela Astronomia e signo é a porção do céu que abrange 30 graus na elíptica, como é considerado pela Astrologia. O Ponto Vernal é conhecido como Ponto de Áries, pois há 4000 anos o sol estava posicionado na constelação de Áries no equinócio da primavera, quando a astrologia começava a ser estruturada entre os gregos, com a divisão do céu em 12 partes iguais (signos) para referenciar a posição solar no cinturão zodiacal. Astrologicamente a primeira divisão da elíptica (30 graus) corresponde ao signo de Áries, relacionado ao primeiro dia da estação primaveril - simbolicamente associado ao início de um ciclo pela renovação observada na natureza.

Esta localização do Ponto Vernal altera todas os indicativos estelares que temos como referencial para as estações sazonais, e conseqüentemente alteraria o nome de cada guardião. Em outro apontamento, tratarei especificamente deste tópico, indicando as estrelas mais brilhantes de cada estação na atualidade e os guardiões que os astros representam.


Apontamentos de Tellus Mater


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1 outras revelações:

Anônimo disse...

Sugiro corrigir a informação dos guardiões como segue:
Regulus, guardião do norte
Fomalhaut, guardião do sul