Ritualística Telúrica



Sobre o movimento do sol e as analogias utilizadas no Paganismo:

Leste/Oeste - Norte/Sul: reproduza na terra o caminho do sol. Esta analogia é o cerne de todo ritual mágico.


Para qualquer observador localizado na superfície do planeta Terra o dia tem início com o sol despontando ao leste. Aparentemente o astro caminha para o meio do céu, aproximadamente quando os relógios apontam 12 horas. Após alcançar este ponto, denominado Zênite, declina até alcançar o poente e desaparecer ao oeste.


Baseando-se neste movimento, as analogias com as direções encontram-se assim referenciadas:


Leste – início de um ciclo, manhã, nascimento, frescor, ar, primavera, ponto vernal.

Oeste – final do dia, começo da noite, recolhimento, amenidade, água, outono.


Para um observador localizado no Hemisfério Sul da Terra, mesmo ao meio-dia, a posição do sol no céu não corresponde ao ponto celeste exatamente acima de nossa cabeça, o que acontece somente na região equatorial. A luz solar incide inclinadamente na superfície terrestre e durante todo o percurso diário a posição aparente do sol é mais ao norte.


Extrapolando para as analogias:

Norte – região preponderante da trajetória diária aparente do sol, meio do dia, maior vigor, fogo, verão, yang, deus.

Sul – região que corresponde ao menor vigor, terra, inverno, meio da noite, yin, deusa.


Considerando também as características geográficas, ao Norte teremos as regiões com temperaturas mais elevadas durante todo o ano e ao Sul as regiões mais frias.

A maioria das citações que correlacionam o uso das direções para o desenvolvimento de rituais pagãos (como, por exemplo, a abertura do círculo ritual) é baseada neste aparente movimento. Assim no céu, assim na terra. Logicamente, como a literatura ou fontes disponíveis para a pesquisa destas analogias são produzidas por autores que vivem no Hemisfério Norte, há uma inversão nos valores atribuídos ao Norte e ao Sul.

Para a Stregaria, estas analogias também são válidas, já que as datas dos festivais comemorados têm relação direta com o movimento solar e suas influências físicas sobre a Terra. Para os adeptos da Stregaria, as Treguendas (que correspondem aos sabás pagãos) são também celebradas em dias de equinócios e solstícios ou em datas intermediárias entre as estações climáticas anuais.

A diferença de radiação solar incidente e conseqüente temperatura têm interferência direta sobre os ciclos agrícolas terrestres. A disponibilidade de alimentos, condições climáticas e aspectos da natureza sempre foram o tema motivador para a mistificação e divinização das forças naturais, já que os primeiros rituais foram criados para que se aplacasse a ira dos deuses ou então para atrair sua benevolência. Como um evento astronômico era o que de mais concreto havia para se explicar os fenômenos naturais, pois sua influência era visivelmente indiscutível e obedecia a ciclos coincidentes com os mesmos, a observação astronômica propiciou toda a sistematização das crenças, o que acontece com toda mitologia que conhecemos: extrapolações de eventos celestes em eventos terrestres. O que é executado por um deus, é explicitado pelo humano. Da luz, ao verbo.

Apontamentos de Tellus Mater


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